terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Quem é a porta?


Eu não gosto de parecer uma pessoa séria, apesar de ter que usar roupas formais pra trabalhar. E também não quero que esse blog pareça algo sério ou muito formal, então pra me policiar quanto a isso vou contar uma história muito engraçada que aconteceu comigo esses dias[ok, na hora não foi engraçada].
         Eu ainda estava sem uma cópia da chave pra mim. Eu tava passeando de bobeira, mas precisava voltar pra casa, tomar um banho e ir trabalhar. Tive que ir até a escola pra pedir a chave da Elena[minha flatmate] emprestada. Peguei a chave e tomei o rumo de casa.
         Até aí tava tudo ok, abri o portão numa boa e quando pus a chave na fechadura pra abrir, destranquei a porta, mas não consegui abri-la. Sim, podem rir a vontade, eu destranquei a porta e não consegui o mais fácil: abrir. Juro que tentei de todas as formas, todos os jeitos e todos os macetes de como abrir uma porta que eu tinha aprendido no Brasil. Mas nenhum deles funcionou.
         Acontece que também não era simples assim, essa porta tem uma técnica específica pra abrir. Liguei pro Bigheami[meu flatmate] e falei que tava em frente a porta de casa com problemas pra abri-la. O que ele fez? Começou a rir alto no telefone e me ensinou a técnica pra abrir a porta: eu deveria puxá-la e aí então empurrá-la meio que na marra para conseguir abrir. Acontece que também não sei se já falei esse pequeno detalhe, mas a porta não tem aquela maçaneta típica do Brasil, pelo lado de fora, é um tipo de maçaneta estranha, grande[ [e, eu sei, é tão difícil explicar quanto foi abrir a porta]. Eis que então tentei a técnica ensinada pelo Bigheami... E quem disse que funcionou? Pois é, estava eu agora no meio de uma batalha contra a porta...
         Porém ainda havia uma solução. Aqui é tipo um mini prédio, com alguns apartamentos, eu poderia muito bem bater na porta de um vizinho e pedir ajuda,né? É, se eu falasse turco, quem sabe, seria uma opção viável. Daí passou mais alguns minutos de tentativas sem sucesso e eu desisti. Foda-se o turco, vou fazer mímicas, falar inglês, o que for, mas não vou mais ficar aqui parado em frente a porta. Tudo bem porta, você venceu, admito.
         Bati na porta do vizinho mais próximo, mas não tinha ninguém em casa. Subi um andar pra pedir ao vizinho de cima. Uma mulher abriu a porta, não manjou nada da minha mímica ou meu inglês e chamou o marido. Veio um cara com mais cara de rabugento que o Robert de Niro, não falou uma palavra, mas desceu e me ajudou. Tudo bem que ele abriu a porta com uma facilidade imensa e me lançou um olhar como se dissesse ‘você é tapado?’. Mas eu não podia reclamar, né. Agradeci em turco [sim, isso eu já aprendi], mas o cara nem falou nada, só subiu pro apartamento dele.
         Well, hoje eu já aprendi a técnica de abrir a porta e já levo menos de um minuto pra abri-la. Mas admito que no mesmo dia, horas depois, quando fui sair, tranquei a porta e refiz o teste de tentar abri-la. E NÃO consegui de novo! Hahahahaha

Mas tudo bem, eu tava de saída mesmo...


[There’s 420 millions doors on life’s endless corridor]

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Comida Turca


Bom, eu queria ter uma boa memória pra lembrar de tudo, ou até mesmo pra lembrar de maiores detalhes e da ordem cronológica dos eventos, mas não foi assim que eu nasci, então vou ter que contar as coisas aqui aleatoriamente.
Começando pelo meu maior medo: a comida turca.

Meu primeiro contato com a Turquia já foi bem excêntrico, quando entrei no avião da Turkish Airlines de Frankfurt pra Istambul, e então de Istambul pra Antalya, logo percebi a diferença. Estavam falando Turco no avião (jura?). Daí logo no começo do vôo, as aeromoças vieram servir o lanche, eu simplesmente aceitei e pedi uma coca de bebida. De repente então, estava diante de mim: um pedaço de pão ( e agora eu percebo que tem pão em tudo), uma salada de vegetais estranhos, dois pedaços de sei-lá-o-quê ( um era bom e o outro não), e uma sobremesa doce, que sabe lá deus também do que era, mas era bom. E a coca, bom, coca é coca em qualquer lugar.
Após um tempinho de espera em Istambul, outro vôo pela Turkish Airlines, agora indo pro destino final: Antalya. O vôo durou menos que 1 hora, mas mesmo assim serviram lanche( dias depois eu entenderia o porquê, eles oferecem comida a todo instante). Dessa vez foi diferente, era algo mais leve, pois era pouco tempo de viagem. Apenas um sanduiche com pepino, tomate e algo parecido com frango, mas não era frango. O sabor era estranho, mas é como dizem ‘o melhor tempero é a fome’. Após comer isso tudo a primeira coisa que pensei foi: Não vou sobreviver com a comida desse país, e daí então surgiu um semi-desespero.
Mas acontece que a partir daí não foi de todo ruim, e afinal eu iria morar com um nigeriano e uma ucraniana, ou seja , eu não seria obrigado a comer comida turca o tempo todo. Mas não foi o que aconteceu, né. Óbvio. E é como dizem ‘ Quem tá na chuva é pra se molhar’, então passei a ir provando as comidas turcas aos poucos. Logo na quinta fomos almoçar num restaurante turco e, pela foto a comida parecia deliciosa.



Mas acontece que as aparências enganam, e muito. De repente a única coisa que me parecia familiar era a batata frita. O arroz era laranja ( e ruim), essas carnes aí até hoje eu não identifiquei o que era, e dava muito trabalho pra comer, os vegetais eu nem ousei tocar e essas outras coisas aí eu até que comi numa boa. Se a primeira experiência com a comida turca foi de dar ‘semi-desespero’, a segunda então veio só pra confirmar: eu nunca vou me acostumar com isso.
                Mas eu me enganei. Eis que fui na Akdeniz University e lá comi o tão famoso lahmacun ( aka pizza turca ). E de pizza não tem nada, é verdade. É um troço bem fino, bastante apimentado, mas gostoso.[Googlem aí a imagem]. E pra beber a tradicional bebida turca: Ayran (ou Ayram, não sei como escreve). É uma espécie de iogurte com manteiga, mas o pior é que é até bom, é gelado e alivia bastante o sabor forte do lahmacun. Porém não foi o suficiente pra aliviar, e tive que pedir uma garrada de Su (água) pra refrescar a boca. E quem disse que foi o suficiente? Sorte minha que logo depois eles serviram chá. Sim, chá, eu odeio chá, nunca bebo chá no Brasil, mas já me acostumei com o daqui sem reclamar, afinal eles bebem chá e comem pão em todas as refeições. E foi o bendito chá que fez passar a ardência na minha boca.
Um dia depois, a água da nossa casa foi cortada por atraso no pagamento hahaaha. Mas além de trágico o que isso tem a ver com a comida turca? Tudo. Eu e a Elena tivemos que ir almoçar fora (o Bigheami sabe lá deus onde andava). Fomos andando, andando, andando e acabamos chegando no TerraCity, um shopping aqui perto. E claro, comer fast-food turco. Era um prato com ‘frango’ (que tem gosto de peru), arroz (normal,igual o do brasil), tomate normal, pepino  batata frita. Era comida turca, de um fast-food turco e uma delícia.
Daí então eu percebi que o problema não era a comida turca, apenas alguns pratos que eu não gosto, assim como no Brasil tem coisas que não como, ou até mesmo a buchada e panelada típicas do Ceará.
E é isso, já me acostumei a tomar chá, o pior já passou, se bobear eu volto comendo pimenta como tira-gosto hahahaha.

Primeiro Obstáculo: Comida
(x) Vencido com sucesso
(  ) Fail

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Primeira semana


Gatos gordos pelas ruas, bandeiras turcas por todos os lados, cachorros gigantes, frio, andar pela rua tarde da noite sem medo, sotaque turco falando inglês, primeiro mundo, pessoas bem diferentes uma das outras, sotaque ucraniano/russo falando inglês, cachoeiras, praia, mediterrâneo, roupas de frio, jet lag, sotaque nigeriano falando inglês, crianças pedindo seu facebook, dar aula de inglês e aprender turco com os alunos, roupas baratas, comida barata, pão em todas as refeições, chá e café turco, andar de meia  pela casa, tapetes, comida comida e comida [e não se pode recusar], mitos desfeitos[ pode comer com qualquer uma das mãos e sentar do jeito que for], ônibus sem trocador, pessoas falando parecendo que estão brigando[ mas não estão], ‘Do you like football?’, ‘Brazil? Samba, Rio, Futebol’, pessoas correndo atrás de ônibus[ igual no brasil], pessoas educadas e honestas, ‘pardon, i don’t speak  turkish’, olhos turcos, paraíso, parques [muitos parques], lojas [muitas lojas], luzes de natal [sim,de natal], pessoas fumando em todo lugar, cinzeiros nas mesas, varanda para fumantes até na escola, pessoas pescando no mediterrâneo às 11 da noite, fernerbahçe x galatasaray, umidade, comida apimentada e estranha, evet, aprender a fazer café, quadros interativos, nomes curtos mas difíceis, ‘leonardo’ pronunciado das mais diversas formas, ayran, S com cedilha  G com acento  e I sem pingo, feijão diferente[ mas bom], luzes [muitas luzes], organização, luhmacan alunos conscientes e interessados, alunos falando turco como se você entendesse algo, planos pra europa, qualquer lugar é digno de foto, friiiio de manhã, ‘Can you dance?’, pessoas perguntando palavras em português, pulseiras turcas, laranjas pequenas, dicionário de turco, inglês-português-inglês-turco-inglês-russo-inglês-ucraniano, internet beeem ás vezes, crescimento, amadurecimento e me preparando pra o que estar por vir...



Sejam bem-vindos à minha primeira semana na Turquia!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Bye bye Fortaleza


Vou contar uma pequena história do meu último dia em Fortaleza pra vocês.
Eu já tinha o post de hoje planejado,escrito e pronto. Mas tive que mudar depois do que aconteceu dia 12. O meu visto que já era pra ter chegado, simplesmente ainda estava em Sp dia 12, tive que ir correndo no aeroporto trocar a escala do voo pra Guarulhos, pedir pra irem pear o visto em Sp por mim e me entregarem no aeroporto. Como se já não bastasse, quando fui embarcar, queriam me barrar porque eu tava sem o passaporte, sendo que eu já havia explicado a situação do meu passaporte e o porquê tava mudando meu voo pra Sp, justamente porque tava sem passaporte. E me foi dito que tudo ok, só iria precisar do passaporte em Sp. Mas guess what? Tinha que ter o bendito passaporte em Fortaleza e, graças a uma ajuda do céu de uma funcionaria da TAM, consegui embarcar com uma impressão que mostrava a validade do passaporte.
Porém, isso iria me fazer desembarcar em Sp e ter que fazer outro check in lá, num espaço de 1h para tudo. Óbvio que não ia dar tempo, e quando cheguei lá me disseram que o vôo tinha saído mas iam tentar me colocar a tempo. Enfim, deu. Um funcionário fez merda, e os outros consertaram, ainda bem. Cheguei em Frankfurt tranquilamente.


Foi um sufoco pra tirar o passaporte, nome da mãe errado no cadastro eleitoral, polícia federal resolve tirar folga no dia marcado pra minha entrevista, e eu? Eu passei por cima disso tudo, e tirei o passaporte. Um sufoco pra tirar o visto, informações mal passadas, falta de boa vontade dos outros e tudo mais, e eu? Eu tirei o visto.
O mais legal nisso tudo, foi ver a força que me deram pra essa viagem toda. Nem eu tenho idéia do tamanho das dívidas, do tamanho da maluquice e risco que isso é. E eu já nem sei se tô fazendo sentido nisso tudo que tô dizendo, mas vou continuar mesmo assim.  A força de todo mundo que tá torcendo por mim é o que me faz não desistir, afinal eu não posso decepcionar tanta gente né. Confiem em mim, eu irei corresponder as expectativas.

E o que falar sobre esse último mês em Fortaleza? Sabe a lei de Murphy? Pois é, parece que nesse mês foi uma espécie de lei de Murphy do bem, têm acontecido coisas incríveis: conheci gente legal pra caralho na AIESEC, gente super alto astral que te botam mó pilha e querem ver você se aventurando, tive um baita reconhecimento no trabalho, e não pelo presente material, mas pelas palavras que foram ditas e me fizeram pensar ‘eu sou tudo isso mesmo?’.
Eu aprendi algumas coisas nesse tempo.  Aprendi que estou querendo ‘sair da fazenda’, que o apoio dos outros é sim fundamental e que definitivamente ninguém é uma ilha pra viver isolado,. Aprendi que esse apoio pode vir de pessoas que você jamais imaginaria, e que, às vezes, quem te conhece há pouco tempo torce bem mais por você do que outras pessoas, e ainda estou aprendendo.

Eu não acredito em urucubaca, quebrante, mau-olhado, inveja e coisas do tipo. Eu acredito nos seres humanos, e suas falhas, de informação errada e tardia para o visto, de má vontade de ajudar, de não saber dar informação na compra de uma passagem etc.
E eu também não acredito que tudo aconteça por uma graça de deus, com todo respeito, mas não. Eu acredito nos seres humanos e na boa vontade deles. E eu preciso citar 5 deles aqui que foram mais que fundamentais: eu acredito na Aline[ e tem gente que não acredita em fada, né. A gente se acerta na Europa ,ok?], eu acredito na Bruts e na tia Lu [que salvaram minha vida em Sp, são praticamente minha família lá] e acredito nos meus irmãos [que fizeram de tudo por mim e tenho certeza que vão continuar fazendo]. É nisso que eu acredito!

Agora dá licença que eu vou dar um mosh na Europa.
[this is a call to all my past resignations]